A diabetes é uma doença crónica caracterizada pelo aumento dos níveis de glucose (açúcar) no sangue. Traduz-se numa deficiente capacidade de utilização da glucose por parte do nosso organismo.
Para que a glucose possa ser utilizada como fonte de energia, é necessária a insulina. A hiperglicemia (aumento dos níveis de glucose no sangue) patente na Diabetes, deve-se à insuficiente produção de insulina, ou à sua insuficiente acção, existindo frequentemente a combinação destes dois factores, traduzindo-se em alterações muito importantes no aproveitamento dos açúcares, das gorduras e das proteínas, que são a base de toda a nossa alimentação, constituindo as nossas maiores fontes de energia.
A diabetes é uma patologia crónica que causa incapacidade e mortes precoces, ameaça no mínimo 10 milhões de cidadãos europeus. Em todo o mundo, em 1985 estavam estimados 30 milhões de portadores deste tipo de patologia. Este número subiu para 135 milhões em dez anos e espera-se que atinja os 300 milhões em 2025.
Em Portugal, segundo o Inquérito Nacional de Saúde estima-se que existam cerca de 500 mil pessoas portadoras com esta patologia, correspondendo 2-4% da população geral, com prevalência em ambos os sexos, apesar de apresentar maior incidência no sexo feminino.
Existem vários tipos de Diabetes, sendo os mais comuns:
- Diabetes de tipo II (cerca de 90% dos casos), conhecida como Diabetes Não-Insulino Dependente. Neste tipo da patologia, o organismo consegue produzir insulina mas, apresenta insulinoresistência, tornando-se assim a concentração de insulina insuficiente para fazer face às necessidades do nosso organismo.
Ocorre principalmente em indivíduos que “herdaram” uma tendência para a Diabetes (têm frequentemente um familiar próximo com a doença), que apresentam hábitos de alimentação errados, vida sedentária, “stress”, obesidade, hipertensão arterial, colesterol e triglicéridos elevados.
- Diabetes de tipo I, conhecida como Diabetes Insulino-Dependente. O organismo deixa de conseguir produzir insulina. As causas da diabetes tipo I não são plenamente conhecidas, contudo, sabe-se que é o próprio sistema imunitário da pessoa com Diabetes que ataca e destrói as células responsáveis pela produção de insulina.
- Diabetes gestacional, ocorre durante o processo de gravidez (cerca de 1 em cada 20 grávidas), desaparecendo habitualmente quando esta termina. Contudo, quase metade das grávidas portadoras deste tipo de Diabetes virão a desenvolver mais tarde Diabetes do tipo 2, caso não sejam tomadas medidas de prevenção.
Quando a glicemia é muito elevada, podem existir os seguintes sintomas:
• Sede constante e intensa;
• Aumento do apetite;
• Sensação de boca seca;
• Fadiga;
• Comichão no corpo (sobretudo ao nível dos órgãos genitais);
• Visão turva;
• Dores de cabeça, náuseas e vómitos
Os indivíduos mais afectos a este tipo de patologia são:
• Pessoas que têm familiares próximos com Diabetes;
• Obesos ou indivíduos com tendência para a obesidade;
• Pessoas com hipertensão arterial e hipercolestrolemia;
• Mulheres que tiveram diabetes gestacional ou filhos com peso à nascença igual ou superior a 4Kg;
• Doentes com doenças do pâncreas ou doenças endócrinas.
O diagnóstico da Diabetes é elaborado com base na sintomatologia manifestada, sendo confirmado através de análises sanguíneas.
Com o passar dos anos, as pessoas com Diabetes podem vir a desenvolver diversas complicações ao nível de vários órgãos do nosso organismo. Estas complicações evoluem de uma forma silenciosa, sendo frequentemente detectadas após estarem instaladas. Podem desenvolver-se: Retinopatia; Nefropatia, Neuropatia, Macroangiopatia, Hipertensão Arterial, Pé diabético, Disfunção Sexual e Infecções com maior frequência.
O tratamento da Diabetes diverge um pouco dentro dos diferentes tipos da patologia, embora que a maioria dos cuidados a apresentar são transversais. A Diabetes tipo II pode ser controlada numa fase inicial através de uma alimentação correcta e realização de actividade física diária. Em fases mais avançadas pode ser necessário o recurso a antidiabéticos orais ou recurso a insulina mediante prescrição e acompanhamento médico.
Mantendo um bom controlo de glucose no sangue dentro dos valores normais torna possível que os doentes com diabetes tipo I possam apresentar uma vida saudável, plena e sem grandes limitações, evitando também as complicações tardias da patologia. O tratamento engloba o recurso a insulina, uma alimentação saudável, exercício físico diário e uma educação correcta da pessoa portadora de Diabetes, para um auto-controlo rigoroso dos níveis de glucose.
Pelo que foi dito anteriormente torna-se imperativo o recurso a hábitos de vida saudáveis, de forma a prevenir a instalação da Diabetes, evitando assim a co-morbilidade associada a este tipo de patologia.
Dados bibliográficos:
- http://www.apdp.pt/
- http://www.min-saude.pt/portal/conteudos/enciclopedia+da+saude/doencas/doencas+cronicas/diabetes.htm
- http://www.spd.pt/
Enf.º Rui Saraiva
HPP - Hospital de Cascais
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